Dirigente da CUT/RJ fala sobre o piso regional 2012

31/01/12

O Jornal dos Advogados entrevistou Indalécio Wanderley, secretário de Organização da CUT e representante da central no Conselho Estadual do Trabalho (Ceterj), sobre as negociações naquele órgão, entre governo, empresários e trabalhadores, que envolvem o reajuste do piso regional 2012. 
A proposta da CUT e demais centrais é de um reajuste de 27,5%, o que significa que o piso para o advogado passaria dos atuais R$1.630,99 para R$ 2.079,51. Este índice foi o único apresentado no Ceterj. A seguir, a entrevista com Indalécio:
Jornal dos Advogados – Como está a negociação do piso salarial regional 2012?
Indalécio Wanderley – Nós, da bancada dos trabalhadores, apresentamos nossa proposta de reajuste de 27,5%. Mas o governador Sérgio Cabral ainda não mandou sua mensagem para a Alerj. Estamos aguardando o fim do recesso parlamentar para que possamos abrir canais de negociação com as lideranças partidárias e com o presidente da Casa, deputado Paulo Melo. Também pediremos uma audiência ao governador Sérgio Cabral (NR: o recesso da Alerj termina hoje, dia 31).
JA – Por que, desde o ano passado, as negociações com os empregadores vêm sendo mais difíceis?
IW – O quer aconteceu no ano passado foi que o governador Sergio Cabral mandou mensagem propondo 6,78% de aumento. No entanto, nós abrimos a discussão na Alerj e, depois de muitas reuniões e negociações com os deputados, conseguimos mais 3,5%. Como a retroatividade não foi aprovada como insistimos, a CUT acionou o Ministério Público pleiteando essa retroatividade. Estamos aguardando o resultado.
JA – Pode-se afirmar que as centrais estão tratando o reajuste do piso como uma conquista importante, que tem que ser mantida e melhorada, ano a ano, o que tornaria o embate com os empregadores até mais ideológico?
IW – A lei do piso regional foi criada para que os estados que têm condições ofereçam um salário melhor aos seus trabalhadores. E a economia do Estado do Rio de Janeiro tem todas as condições de absorver um piso regional cada vez maior. O embate ideológico que se dá, portanto, é entre o capital e o trabalho.
JA – Como a CUT e as demais centrais vêm se portando em relação ao debate com os deputados?
IW – O problema é que muitos deputados defendem os interesses patronais, de quem recebem inclusive polpudos financiamentos para as suas campanhas.
JA – Qual a posição da CUT em relação a um acordo com o governo e empregadores a respeito de uma fórmula de reajuste como aquela que já existe em relação ao salário mínimo nacional, e que evitaria um desgaste com a negociação, como ocorre hoje?
IW – Nós somos favoráveis a uma regra permanente como a do salário mínimo. Porém, queremos discutir a recuperação das perdas do piso desde que ele foi criado no ano 2000.
JA – O senhor pode falar sobre a importância do piso para as categorias de profissionais liberais, como os advogados, que têm o piso como referência desde 2008?
IW – Para estes profissionais, o piso é muito importante, já que impede que muitas empresas paguem salários aquém da função exercida por eles. Mas é bom que fique claro que o piso regional para os profissionais liberais é apenas o mínimo, o piso que as empresas devem pagar.