Folha de S. Paulo (FERNANDO RODRIGUES): O relator da CPI do Cachoeira, deputado Federal Odair Cunha (PT-MG), disse ontem que “se houve cooptação e corrupção de alguns atores da mídia, isso deve ser investigado”. Para ele, “não há tema proibido”.
O petista diz, entretanto, que vai evitar generalizações. “É preciso individualizar condutas. Quer seja entre alguns membros da imprensa, membros do empresariado brasileiro, membros do Congresso Nacional, agentes de governos municipais e estaduais e agentes do governo federal. Essas condutas que, individualizadas, serviram à organização criminosa, têm que ser investigadas por nós”, afirmou o relator da CPI, que ontem deu entrevista à Folha e ao UOL.
Desde o início do escândalo envolvendo Carlos Cachoeira, acusado de contravenção e corrupção, parte do PT e de outros partidos ligados ao governo têm afirmado que a investigação revelará relações ilegais entre órgãos de comunicação e suas fontes.
Eles têm feito ataques específicos à revista “Veja”. Um jornalista da publicação tem o nome citado por integrantes do grupo.
A revista publicou texto dizendo que Cachoeira era fonte de jornalistas, inclusive do chefe da sucursal de Brasília, Policarpo Júnior, e que não há impropriedades éticas nas conversas.
FÉ
Odair José da Cunha tem 35 anos. Dos 15 aos 22 anos estudou em uma comunidade religiosa e planejava ser padre. Desistiu e se manteve um católico. Advogado formado em 1998 pela Faculdade de Direito de Varginha (MG), filiou-se ao PT no ano seguinte. Em 2002 foi eleito deputado federal. Está no terceiro mandato.
Calmo e metódico ao falar, disse não enxergar ainda indícios suficientes para que os governadores envolvidos no escândalo sejam convocados.
“Se ficar evidenciado cooptação e corrupção, este tema dos governadores deve ser tratado por nós [da CPI], com convocação”, afirmou.
Até agora já foram citados três governadores no escândalo: Agnelo Queiroz (PT-DF), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ).
Sobre a empreiteira Delta e o seu proprietário, Fernando Cavendish, serem investigados de maneira ampla, Odair afirma que essa é uma possibilidade, se ficar evidenciada participação na organização. O depoimento mais esperado na atual fase da CPI é o de Cachoeira, no dia 15.
Há uma dúvida no Congresso se o depoente será conduzido à CPI de algemas e com vestes prisionais
“O mais importante é que ele esteja na CPI e que seja tratado com dignidade como todas as pessoas devem ser. Ele vai na condição de preso”.