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Do site do Valor: Os gastos do governo com assistência social chegam aos que mais precisam da presença do Estado, enquanto a atuação do poder público em saúde e educação se concentra nas regiões mais ricas. Os dados estão no estudo divulgado nesta terça-feira “Presença do Estado no Brasil”, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De acordo com Marcio Pochmann, presidente do órgão, o Estado precisa redirecionar seu foco de atuação. Para o economista, o atual modelo das principais áreas em que o poder público tem papel fundamental mantém ou aumenta as desigualdades regionais do país. “Temos a perspectiva de ser a quarta economia do mundo ao final desta década, então precisamos resolver nossos problemas de pobreza extrema e subdesenvolvimento”, afirmou.
O levantamento feito pelo Ipea mostra que 51,1% do número de benefícios concedidos pelo Programa Bolsa Família, no ano passado, foram destinados à região Nordeste do país. O Sudeste, que concentra 42,2% da população brasileira, ficou com 24,7% dos benefícios. O Norte, com baixa densidade demográfica, foi o destino de 11,1%. O foco das medidas de assistência social do país está na direção certa, segundo Pochmann. “O Estado está olhando onde mais se localiza a miséria e atuando. Esse é um padrão recente, o de colocar mais esforços onde eles se fazem mais necessários. Mas há outros padrões em outras áreas de atuação.”
Na área de saúde a lógica se inverte, com o Sul e Sudeste, que possuem melhores indicadores sociais, apresentando mais estrutura. Enquanto as duas regiões possuem 3,7 médicos a cada mil habitantes, o Norte conta com, 1,9 e o Nordeste, com 2,4. Na comparação entre os Estados, a desigualdade se acentua. O Rio Grande do Sul possui 3,2 vezes mais médicos por mil habitantes do que o Maranhão, por exemplo. “A distribuição não é proporcional à população e tampouco leva em conta lugares mais pobres, onde há mais gravidade de doenças.”O levantamento leva em conta os profissionais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A taxa de frequência líquida de alunos na escola, que não contabiliza apenas matrículas, mas se os estudantes cursaram todo o ano letivo, também aponta para uma menor presença do Estado em regiões com renda per capita menor. No ensino fundamental, 87,2% da população entre seis e 14 anos do Pará estava na escola, de acordo com levantamento que levou em conta dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009, coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Mato Grosso do Sul, o porcentual subiu para 94,4%. Em São Paulo, Estado mais rico da federação, a taxa de presença é de 93,4%.
No ensino médio, os números são preocupantes. O Distrito Federal, Estado com maior taxa de frequência à escola entre a população de 15 a 17 anos, o porcentual é de 68,8%. Rondônia, o pior, possui apenas 31,6% de sua população nessa faixa etária frequentando as aulas.
Segundo Pochmann, as informações apresentadas hoje mostram um entrave que o país precisa resolver o quanto antes. “Ao contrário do que se pensava, não temos acesso universalizado ao ensino fundamental. No ensino médio a intervenção pública se torna ainda mais forte nas regiões mais ricas e mais fraca nas regiões mais pobres. É inadmissível diferenças tão acentuadas entre os Estados. Com esse desempenho fica muito difícil o Brasil se transformar em uma sociedade do conhecimento.”
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Da Agência Estado: As exportações brasileiras do agronegócio registraram novo recorde em 2011, somando US$ 94,59 bilhões, valor 24% superior ao alcançado em 2010 (de US$ 76,4 bilhões). A meta do Ministério da Agricultura para 2012 é ultrapassar US$ 100 bilhões, com estimativa de 5,7% de crescimento.
As importações brasileiras de produtos agropecuários atingiram US$ 17,08 bilhões (valor 28% superior ao registrado em 2010), resultando em um superávit de US$ 77,51 bilhões na balança comercial do agronegócio de 2011, crescimento de 22,9%. O saldo do setor agropecuário é quase três vezes superior ao acumulado no resultado global da balança comercial brasileira, que fechou o ano de 2011 com superávit de US$ 29,8 bilhões. O bom desempenho fez de 2011 o melhor ano para a balança comercial do agronegócio desde 1997.
Os produtos do complexo soja (grão, farelo e óleo) foram os que mais contribuíram para o crescimento nas vendas externas e os que registraram o maior valor de exportação. Complexo sucroalcooleiro e carnes também se destacaram nas exportações. Os principais destinos dos embarques de produtos nacionais foram os mercados da União Europeia, China, Estados Unidos, Rússia e Japão.
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Do site do Instituto Humanitas Unisinos (a partir do Blog do Nassif): A Grã-Bretanha está lutando para se livrar da crise do crédito. Pais sobrecarregados se sentem culpados por mal e mal verem seus filhos. O dióxido de carbono está sendo despejado na atmosfera pelos nossos escritórios e lares famintos por energia. Em Londres, na próxima quarta-feira, 11 de janeiro, especialistas irão se reunir para oferecer uma nova solução para todos esses problemas de uma só vez: uma semana de trabalho mais curta.
A reportagem é do jornal do The Guardian/The Observer, 08-01-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto:
É preciso reduzir a semana de trabalho para 20 horas, dizem economistas: Um think tank, a New Economics Foundation (NEF), que organizou o evento juntamente com o Centro de Análise da Exclusão Social da London School of Economics, argumenta que, se todos trabalhassem menos horas – digamos, 20 ou mais por semana –, haveria mais empregos, os funcionários poderiam passar mais tempo com suas famílias, e o excessivo consumo de energia seria controlado. Anna Coote, da NEF, diz: “Há um grande desequilíbrio entre as pessoas que têm muito trabalho remunerado e aquelas que têm muito pouco ou nenhum”.
Ela argumenta que precisamos repensar o que constitui o sucesso econômico e se o objetivo de aumentar a taxa do PIB da Grã-Bretanha deveria ser a primeira prioridade do governo: “Estamos apenas vivendo para trabalhar, e trabalhar para ganhar, e ganhar para consumir Não há nenhuma prova de que, se você tiver menos horas de trabalho como norma, você terá uma economia menos bem sucedida: muito pelo contrário”. Ela cita a Alemanha e a Holanda como exemplos.
Robert Skidelsky, economista keynesiano que escreveu um livro no prelo com seu filho, Edward, intitulado How Much Is Enough?, defende que a rápida mudança tecnológica significa que, mesmo quando a recessão tiver acabado, haverá menos postos de trabalho nos próximos anos. “A resposta civilizada deve ser a partilha do trabalho. O governo deveria legislar um teto máximo para a semana de trabalho”.
Muitos economistas acreditavam, uma vez, que, com a melhoria da tecnologia e o aumento da produtividade dos trabalhadores, as pessoas optariam por bancar esses benefícios para trabalhar menos horas e desfrutar de mais lazer.
Ao contrário, as horas de trabalho se tornaram mais longas em muitos países. O Reino Unido tem a maior semana de trabalho entre todas as principais economias europeias.
Skidelsky afirma que políticos e economistas precisam pensar menos sobre a busca do crescimento. “A verdadeira questão para o bem estar hoje não é a taxa de crescimento do PIB, mas sim como a renda é dividida”.
Pais de crianças pequenas já têm o direito de solicitar um horário flexível, mas a NEF gostaria de ver os padrões de partilha de trabalho e de trabalho alternativo se tornarem muito mais difundidos e está pedindo que o governo faça do trabalho flexível um direito padrão para todos.
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Do site do TST: O condomínio residencial responde pelos atos de condôminos que causem danos a seus empregados. Com base nessa premissa, a Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho determinou o retorno de um processo à 2ª Vara do Trabalho de Aracaju (SE) para que proceda à abertura da instrução processual e julgue o caso de um porteiro agredido por um condômino e demitido posteriormente.
Segundo o trabalhador, contratado em março de 2009 pelo Condomínio Residencial Vitória Régia, em Aracaju, o fato ocorreu em 29/7/2010. Nesse dia, um condômino teria se dirigido a ele, na guarita do condomínio, e dito que poderia matar ou mandar matar quem ele quisesse. Quinze minutos depois, quando o porteiro entregava o boleto da taxa de condomínio a outro morador, o agressor voltou e, sem nenhum aviso, levantou a camisa para mostrar que estava desarmado, chamou o trabalhador de “velho safado” e desferiu-lhe um tapa na face.
O porteiro soube depois que o agressor era policial, portava arma e já se comportara daquela maneira em outras ocasiões. Procurado pela síndica por telefone, foi aconselhado a não abrir boletim de ocorrência e “deixar isso para lá”. Segundo a síndica, situações parecidas já teriam acontecido outras vezes, e o agressor “não possuía suas faculdades mentais normais”. Em juízo, o condomínio reconheceu a agressão, mas negou que houvesse qualquer responsabilidade sua pelo ato do morador.
Ao examinar o caso, a 2ª Vara de Aracaju indeferiu o pedido de indenização feito pelo porteiro, pois o condomínio não poderia ser responsabilizado por um “ato pontual” e de “caráter personalíssimo” praticado por condômino, pessoa física. Em relação à dispensa do trabalhador, o juízo de primeira instância considerou que, por ser ato discricionário do empregador, não havia, no caso, qualquer prova cabal de que a iniciativa se dera como consequência do ocorrido.
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Do site do STF: O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, concedeu liminar (ontem, dia 9) que garante a servidores aposentados da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) o recebimento integral de seus proventos, inclusive do índice de 28,86%. Com a decisão, os efeitos do Acórdão nº 305/2011, do Tribunal de Contas da União (TCU), que suprimiu o percentual do vencimento dos aposentados, ficam suspensos até o julgamento final (mérito) do Mandado de Segurança (MS) 31099 no STF.
Para o ministro, a medida cautelar é necessária em razão da razoabilidade jurídica do pedido e da urgência da situação, visto que se trata de verba de natureza alimentar, cuja redução já incidiria sobre o pagamento deste mês.
Além disso, conforme destaca na decisão, o direito dos aposentados de receberem os 28,86% já havia sido reconhecido em decisão judicial transitada em julgado em 1996. Desde então, o percentual foi incorporado em definitivo aos vencimentos de todos os professores daquela instituição de ensino.
“A ordem de supressão, emanada pelo Tribunal de Contas, esbarra no óbice jurídico da intangibilidade da coisa julgada”, ressaltou o presidente do STF, ao deferir a liminar. De acordo com jurisprudência da Suprema Corte, “a situação jurídica coberta pela coisa julgada somente pode ser modificada pela via da ação rescisória” (MS 25009).
O MS 31099 foi impetrado por servidores aposentados da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) para garantir o recebimento integral de seus proventos. No pedido, eles sustentam que a determinação do TCU ofende a coisa julgada e o direito adquirido, garantias individuais previstas na Constituição Federal.
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